Uma jornada até aqui.
Eu sempre desenhei.
Desde que tenho memórias mais nítidas da minha vida o hábito de
desenhar sempre esteve lá. Mas era mais que uma brincadeira, ou
hobby, era uma necessidade. Eu sempre senti que desenhar era o melhor
de mim, onde falava melhor, onde me entendia melhor. Onde eu era
melhor. E por isso desenhava, e desenhava e desenhava. Até que
chegou a mim as histórias em quadrinhos e o meu mundo ampliou. Na
verdade os mundos. O multiverso. Histórias, personagens,
sentimentos… tudo isso eu podia falar usando desenhos. Isso mudou
minha vida.
Então desenhei
ainda mais… Mas eu não achava meu desenho bom.
Eu tentava, no
entanto, não conseguia chegar ao patamar de outros artistas. Não
alcançava a estabilidade da linha, ou qualidade e profundidade da
cor, ou a originalidade do traço que via nos outros desenhistas e
quadrinistas. Claro que esse “patamar” só existia na minha
cabeça, porém foi essa “ideia equivocada” (tanto quanto a ideia
do dom) que me impulsionou na direção certa.
Frustrado por não
conseguir fazer o que os outros artistas faziam e decidi ir numa
direção totalmente contrária. Se não conseguia fazer um traço
firme, então faria um traço errático, rabiscado. Se minhas cores
não erram realísticas, então eu abraçaria a surrealidade do
colorido. E assim fui subvertendo as regras e chegando num estilo que
me representasse. E mais que tudo que me agradasse.
Um desenho que não
só saciasse as minhas ânsias artísticas, mas que também me
deixasse feliz e orgulhoso. Foi um caminho longo e difícil.
Construindo, experimentando e lapidando passo a passo. Mudando e
aprendendo coisas novas e aplicando nos meus trabalhos. Até que
enfim veio a sensação: “É isso!” Foi como encontrar o meu lar.
Foi um aconchego sem igual. E a minha voz ficou mais nítida e minhas
histórias, sentimentos e pensamentos ficaram mais fortes.
Minha jornada como
artista, ou mesmo como pessoa, ainda não acabou e sinto que ela
ainda vai me levar a muitos outros lugares e universos. Mas por agora
me sinto bem onde estou. E continuarei a desenhar. Sempre.